sexta-feira, 18 de janeiro de 2013

Fatal para imortal



A imortalidade dos sentimentos atormenta-nos
quando eles permanecem
e nós morremos.

Um amargo nome escrito no chão,
um veneno fatal,
os escapes às insónias de pálpebras pesadas,
a depressão do olhar,
silêncio!: o amor está a falar.

E quando sorrimos
perdidos e entristecidos no tempo
ao recordar a união dos nossos corpos joviais,
transpirados de luxúria em madrugadas absurdas,
acordamos de um pesadelo que tanto desejámos.

terça-feira, 8 de janeiro de 2013

sem título




Dei um último tiro no escuro:
acertei na solidão,
sem voz para me responder,
sem paciência para me escutar
- a bala passou-lhe ao lado -
e a arma estava descarregada.

Não conheço amor maior
que aquele que nunca é conhecido,
que morre antes de nascer,
que seca à beira de um rio qualquer.
Então,
o verdadeiro amor
é o desconhecido.

Ao testemunhar o silêncio
dos momentos idos,
das constantes insónias amargas,
da perda da pureza,
reconheço
a eterna beleza das coisas.

domingo, 6 de janeiro de 2013

Eras



Sobre as águas de um rio,
os coágulos da eternidade
dissolveram-se cintilantes
como os teus olhos
perdidos nos arbustos de uma floresta.

Rejuvenesci
como pétalas morrediças,
pintando um planalto
com as cores de espíritos viajantes
por quem não morri.

Na era dos liláses,
na época das laranjas,
no tempo dos sorrisos...
e eu estou velha
como os tempos!...