segunda-feira, 25 de fevereiro de 2013

Alguns patamares, por vezes o (p)ódio




Todos os dias acordo com objectivos:
uns dias mais,
outros dias menos;
vou subindo na escada que construo na minha cabeça
e os degraus parecem infinitos
porque nunca chego ao pódio
mas às vezes ao ódio.

Eins, zwei, drei...
...o primeiro lugar raramente é meu,
em segundo lugar está a minha insatisfação
e o terceiro lugar pertence à minha consciência.

Subo, desço
desço e subo,
as escadas desfazem-se,
eu apresso-me para a perfeição
e quando chego ao topo,
o Sol cega-me temporariamente.

sexta-feira, 22 de fevereiro de 2013

Eu comigo




Entranho-me na noite
como uma nuvem negra é uma nódoa no céu
(ainda bem que hoje não acendi a luz
pois assim a noite é mais bela ainda).

Dos meus segredos eu não falo,
mas evoco memórias deles
e invoco os todos os seus nomes
quando sobre eles choro...

- Desculpe, tem lume?

Converso comigo mesma
e procuro as coisas
onde sei que não estão.

Ora!
Que mais pode ferir a minha reflexão,
se não a ausência do silêncio?

Fechei a porta do mundo
e adormeci aconchegada na noite.

quarta-feira, 6 de fevereiro de 2013

Estações de amor



O rigoroso Inverno que passei a teu lado,
já foi com ventos e tempestades
até à beleza ínfima de um campo de flores
com poemas e sentimentos em tons de preto,
de todas as cores.

As folhas caíram
e eu esqueci-me de ti
como uma Primavera triste.

A neve caiu
e cobriu a minha amargura
como uma criança perdida no tempo
quando o seu balão se foi.

- Quantas estações passámos
sem nos despedirmos?

Espero pelo próximo vento
e que ele me traga letras do meu nome
esmagadas na tua boca silenciada.

segunda-feira, 4 de fevereiro de 2013

Nove e trinta e cinco




Há que aprender a conviver com a solidão
- soltar-me do que me prende,
agarrar na poesia e fugir.

Nada é tão inquietante
como a ideia de soltar uma lágrima
sentindo que ela cairá no vazio,
na dimensão obscura
de um pensamento insone.

Sim,
estremeço da cabeça aos pés
quando a cicatriz daquela facada
me acorda com bofetadas.