sexta-feira, 28 de dezembro de 2012

Falsa Verdade




Para quê colocar obstáculos
num pensamento inevitável?
A incongruência das coisas
assemelha-se à ocultação do ser,
cego por querer.

A crueldade de uma sombra
pode matar parcialmente a ilusão:
nada é uma verdade pura
se não vemos para crer.

Paro no tempo
para pensar no que escrevo.
Quem acreditará em mim?

quarta-feira, 19 de dezembro de 2012

tic-tac, tic-tac



Como o tempo passa
e me adoece a ausência das coisas!
A distância parece indisponível
e eu não sei do que padeço.

O coração vai explodindo
ao ritmo de um relógio de bolso
que se deixou irritar pelo tempo,
ecoando um medo enrugado.

Não tenho sorte,
não tenho azar:
deixo o tempo passar
pois sei que me espera a morte.

sexta-feira, 14 de dezembro de 2012

Merry X-mas and a Happy Little Monster




Jingle bells, Jingle bells
the sound of an egg
cracking for a new life
and a little monster
is comming to town

It looks like a bearded dragon
and ghastly pretty
with those red hungry eyes
willing to eat your whole city!

Merry X-mas
and a Happy Little Monster
in a little straw bed
fuck water,
drink wine instead!

I think I'm falling in love
with some monstruosity
and while snows in the streets
he runs over my heart
under my sheets

Bearded dragon,
I command you to ruin X-Mas!
C'mon, c'mon, c'mon!

Merry X-mas
and a Happy Little Monster
in a little straw bed
fuck water,
drink blood instead!

domingo, 2 de dezembro de 2012

Dezembro



Já não chove em Dezembro:
fujo constantemente do frio
sem amar o que perdi
enquanto podia ficar.

Já não chove em Dezembro:
a montanha espera por mim
triste, como um dia de Inverno
em que parti antes de amanhecer.

Deixei cair uma moeda no silêncio:
não cheguei a tempo de pagar
o café que te prometi
no último dia de Novembro...

Perdoa-me se te deixei à espera,
mas já nem o teu olhar me prendia aqui
depois de os meus olhos se enevoarem...
Mas peço que guardes essa moeda minha
e não esperes o meu regresso:
já não chove em Dezembro.

terça-feira, 20 de novembro de 2012

A(s) Cor(es) da Morte



Como esmeraldas quebradas
nos despimos
de fardos pesados
trazidos pelas palavras
de cor serpente.

Doem-me as memórias
de uma lágrima retida
quando o silêncio
abraçou as nossas bocas,
contido no olhar.

Se pudesse,
sepultar-te-ia amanhã
num túmulo triste
em forma de valsa
decorado com crisântemos
cor-de-despedida.

quarta-feira, 14 de novembro de 2012

Anotações Nocturnas



A beleza não me atinge,
senão ao invocar
um sorriso triste;
Corroo por dentro:
sou feliz por não mostrar
a tristeza dos meus olhos.

Os lábios que me sorriem
de luxúria eterna avermelhada,
segredam-me
a história de um amor
laminado pela incerteza
de ser desvendado.

segunda-feira, 12 de novembro de 2012

Instantaneamente



A vida
é um feriado
passado sobre uma ponte
em observação
de um mundo decrépito

Não sei como sucumbir
mas quando chegar
o dia M,
escreverei até desaparecer
sem renascer novamente.

E ficámos no ar
em Jardins Suspensos
no País das Maravilhas
enquanto os nossos sonhos...
...balançavam.

quinta-feira, 8 de novembro de 2012



Os pensamentos amanhecem
com a noite insone;
Entre a vida e a morte,
mantenho calma a agonia
sem me arrastar levitando

Chego antes de partir,
derradeiramente aconchegada
num cigarro por acender
e sem rosas vermelhas na mão

A negação acompanha-me
melancólica
com amarras e ironia
de sabor agridoce,
podendo atraiçoar-me
sem deixar rasto.

domingo, 4 de novembro de 2012

De Nada, Nada



Dos corpos abandonados
com a gravidade
de ímanes do mesmo pólo,
nada resta.

De um homem
entre três paredes
com um copo de solidão
na mão do desespero,
nada restará.

Dos olhos profundos
que o ciume ocupa
com um céu rasgado
de nuvens encharcadas,
resta o ódio do amor.

domingo, 28 de outubro de 2012

Amor de Morte


O amor
é um sentimento bifurcado
e uma vivência entusiasmante
quando beijamos o seu presente
sem conhecimento do seu fim.

O amor
é uma palavra simples,
de complicações longas
e acidentes imprevistos
pré-destinados, talvez.

Quando dizemos
que nos amamos,
o silêncio cai sobre nós
enquanto sonhamos
e caímos
até que a morte nos una.

terça-feira, 23 de outubro de 2012

II



Sou a última página
de um livro esquecido;
Sou o vento,
a força das marés
e o som das árvores pela noite.

Contudo,
a navegação é neutra
perante o encanto
de uma floresta mística
que acolhe pensamentos
enquanto caminho e vagueio
descalça de medos

E misturando sentimentos
encontro doces embaraços
suspirando alívio com horror
por me ter perdido
sem te poder encontrar.

quinta-feira, 18 de outubro de 2012

Corbeaux



...La nuit est toujours incertain et confus.

Bebo a noite
até à sua última gota
incansavelmente,
porque a madrugada é fria
e o amanhecer não me chega

Não sei se quero adormecer,
não sei se quero morrer,
mas os corvos persistem em sobrevoar
algo mais, algo vivo,
que sou eu, que fui eu

sexta-feira, 12 de outubro de 2012

Pontos Desalinhados



A vontade é incandescente
e de passagem nas auroras boreais
que acolhem mendigos ao luar
quando desconhecemos o infinito

O sentido dos pontos cardeais
foi trocado noutros ímanes
indefinidos,
perdidos, talvez

Mas a leveza
dos pontos de interrogação
nunca é elaborada conscientemente
porque não há certeza
que defina o nascimento e a morte.

sexta-feira, 5 de outubro de 2012

I



A poesia consome-me de escrever,
rouba-me a mente e a caneta
transforma-se em mim
e foge para o meu caderno
apenas deslizando.

Um cinzeiro à espera,
uma luz rasgada,
um suspiro em quebra,
uma folha queimada
e um vento que mastigo.

As minhas mãos falam,
os meus olhos respiram;
enquanto fumo um cigarro,
pratico o gesto ambíguo
da vida e da morte.

Nem tudo
tem de ser coerente,
até quando mergulho na minha mente
e desenho o surreal,
posso curvar na vertical.

quarta-feira, 3 de outubro de 2012

Rumo à Tempestade



A percepão do horror
tem vindo a entranhar-se em mim
tanto que sinto unhas de desespero
a fincarem-me a carne
nos maiores momentos de distracção.

Há uma boca que me chama
e outra que me cala;
por vezes são a mesma boca
ou até talvez o meu subconsiente
a ordenar-me atenção.

A voz é imperceptível
e tem vindo a desvanecer-se,
como uma tempestade
que percorre oceanos
na espera de atenuar a sua fúria,
acabando apenas como uma simples brisa.

Horripilantes são as palavras
quando se emaranham na tempestade
enquanto essa ainda não tem nome,
nem morada,
ou mesmo mares
que a façam parar de rodopiar.

segunda-feira, 1 de outubro de 2012

Cidade Morta




As linhas da minha mão
assemelham-se a estradas
mas nelas,
vejo pouco chão que possa pisar
e as passadeiras flutuam
lânguidas como o vento

A minha cidade está morta;
de cada casa,
de cada detalhe urbano,
restam apenas sombras
que não sei distinguir

Quanto tempo passou,
quantos relógios morreram,
quantos corações ressequíram?

Quero degolar os meus pesadelos
até acordar e sentir frio
para me encolher
e adormecer novamente.

Ouvi...
o leve sopro de uma porta a abrir;
então, senti a tristeza do adeus
por saber que não haveria retorno
para a minha cidade que morreu.

sexta-feira, 28 de setembro de 2012

Acordar




Façamos uma paragem no sono;
os sonhos acordados são importantes
e as miragens duvidosas
serão sempre questionáveis
porque daqui nada se leva certo:
nem o respirar debaixo de água
nem o ver de olhos vendados

Olhemos em volta;
não existe pureza nas cores
mas a insegurança de sussurar
porque a palavra grita,
mesmo quando calada ou cortada;

E os nomes das coisas
estão submersos na sua complexidade
sob uma condição de existência.

segunda-feira, 24 de setembro de 2012




Qualquer nota musical
poderia soltar uma lágrima
num cântico, num piano,
num violino, numa guitarra,
num abismo, numa sala oca

Qualquer dança
poderia morrer,
nos braços de um beijo de adeus,
nos pés de quem a pisa,
na prisão de uma fotografia

O par perfeito,
o par eleito,
a música acompanhada da dança
como que um libertar de sentimentos
usando o silêncio da boca.

terça-feira, 18 de setembro de 2012

Marie Onette



Somos fantoches
nas mãos das estrelas
que nos murmuram luar
enquanto voamos livremente
em sonhos por acordar
e rotações contrárias à vontade

São os loucos
todos os que nos iluminam
com a verdade por desenterrar
tentando sucumbir
e negando-nos a submissão escrava
quase mortos de inocência

Insanos nos erguemos
como castelos de areia
perdidos entre os dedos
que se desmoronam
soterrando a realidade

E na fantasia,
morrem os fantoches
num misto de agonia e felicidade
deixada ao acaso
no eclipse do tempo.

quarta-feira, 12 de setembro de 2012

Imperfeições Compassadas



Chama-me, chamo-te,
pelo calor das mãos desajeitadas
procurando a imperfeição plana
da natureza morta
à superficie da pele;

Há pormenores nas feições do tempo
espalhadas por jardins proíbidos
que desconhecemos de caminhar
no reverso das palavras,
no reverso dos beijos;

As nossas imperfeições
são compassadas por fim
no inicio de cada dia,
no pico de cada montanha
ainda longe de nos alcançar.

quarta-feira, 5 de setembro de 2012

Além Inverno




Enquanto as dentaduras do tempo
esperam pela sua hora certa
de fuga constante,
desespero pelo respirar dos dias
sem os ver passar cortantes
sabendo quando vou precisar
da sua maldade e veneno intrínsecos
para me erguer novamente.

Os crepúsculos estagnaram;
à minha vista periférica,
de quando sabia analisar
a dança dos papéis rasgados
e das folhas de Outono,
avisto que esperam por mim além
umas carruagens trovejosas
de um comboio fantasma.

Sei que pode não ser Inverno,
mas a ausência...
do que tomava por amanhã,
de mãos atadas com as costas do mundo,
faz-me crer piamente
que haverá pegadas no céu
quando a chuva nos fizer cair.

terça-feira, 28 de agosto de 2012

Do (des)conhecimento



Numa pequena lâmpada apagada
escondem-se fios de desconhecimento
sobre acender a luz
e ver o apenas palpável
com os olhos da curiosidade

Mil e cem livros desconhecidos
sem mil olhares que os leiam
e as suas páginas de pormenores
a desconhecer pelo cego,
o louco da sabedoria

Somos uma migalha de pão
e pouco sabemos
sobre as ínfimas coisas
que nos fogem sem querer.

segunda-feira, 27 de agosto de 2012

Mar



Atirá-mos ao mar
as pérolas do silêncio
que tanto tempo guardámos
em caixas de areia
sobre o luar na praia

Sem pintar,
sem pincel,
surgiam telas de azul
c o r - d e - m a r
cobrindo um barco naufragado
num quadro de horror,
pânico enclausurado,
pendurado no nada

Não há imagens,
Deuses e Sóis,
páginas e penas,
nem mesmo vidros,
que nos queimem
a agonia e as memórias
junto de um azul ondulado.

segunda-feira, 20 de agosto de 2012




Há Luas que se despem
dos seus mantos negros,
de fumo nocturno,
para iluminar cabeças baixas
que por aí vagueiam.

(Hoje
estarei presente)

E há estrelas viajantes
sem qualquer rumo radiante,
ou certo de queda,
quando o vento se esconde
nas pedras da calçada.

(Depois de amanhã
estarei ausente)

Ainda há cinzas meteóricas
sepultadas em diversas estátuas
à espera que a chuva as arraste,
ágil e deprimente,
de volta ao seu berço.

(Amanhã
é uma incógnita)

quarta-feira, 8 de agosto de 2012

Morada


Guardei a morada
de um desconhecido
entre várias folhas escritas
quando a solidão
me mordeu a presença.

Há nomes
que são murmurados
na planície das montanhas,
espreitando entre folhagens
que estão verdes de receio.

E os caminhantes da escuridão
sabem onde moro,
porque eu moro na transparência
de um lago com nenúfares
no recanto d'uma floresta.

As bússolas apontam Norte,
eu conheço Sul,
moro para Oeste
e dirijo-me para Este
de um sonho adormecido.

domingo, 5 de agosto de 2012

Olhos de Cristal




Doce,
doce como uma brisa
de Verão
que paira pelos rios,
e que se sente
aquando do abraço.

Os seus olhos
eram de cristal puro,
verde de vida macia
e com o pestanejar
mais bonito
que um raio de Sol no rio.

O caminhar
das suas pantufas suaves
pousaram o oculto
roubando com atrocidade
o brilho
de qualquer existência...

Paz,
que esteja em paz,
que descanse
na maré do sossego
e quando uma lágrima caír
eu me silenciarei.

segunda-feira, 30 de julho de 2012

Mater

                                                                                                                                                  a mãe,


Há relógios que marcaram
o nascer de nados mortos
em ponteiros elevados,
por horas inexistentes
e cegas de vida.

Houve um relógio que marcou
o nascer de um poema
que ainda não se escreveu
e que de olhos abertos
os fecha por um beijo de mãe.

Amo-te,
em qualquer relógio parado
distanciado dos nossos p u l s o s,
distanciadas as nossas m ã o s,
onze, doze, catorze, um.

segunda-feira, 23 de julho de 2012

Dia e Noite




Quero
ver o silêncio do tacto desaparecer
como uma núvem triste
e inútil
num dia de Verão radiante

A música é transparente
como inocentes discos velhos
num manuscrito ruidoso
aquando do amanhecer
junto da cidade adormecida

Quando há canetas
que dançam tristes
sobre paredes ilusórias
e frias,
eu acendo um fumo hilariante

E ao adormecer,
o sono e sonho
são sementes do desejo
incapaz de falar
quando calado pelas pálpebras solitárias.

quinta-feira, 12 de julho de 2012

Até já



Ela sabe,
ela sabe que um diairei ter com ela,
mais tarde ou mais cedo
mas para já,
quero adiar o encontro.

Pediu-me
que fosse bem vestida
pois temos muito que falar,
pôr os pontos nos i's
 e questionar o que seremos
sem termos medo do tempo.

Ela sabe,
ela sabe que um dia
me irá carregar nos braços
para me mostrar
a minha tumba
e como me esqueceram
para evitar a dor.

Disse-me
que não prometia amar-me
com o respeito com que a amo
porque sou uma esponja do pecado,
mas sei que ela até gosta
e que me quer para si,
um dia destes.

Ela sabe,
que tenho medo
e deixa-me ser jovem
porque não lhe escaparei;
e isto não é um adeus,
é um até já!

terça-feira, 10 de julho de 2012

Era Uma Vez III



Era uma vez
uma casa plantada
no mar cintilante
em que te perdi na noite.

Esta casa,
contava histórias,
sorria e chorava
ao ritmo do bater das ondas.

Nesta casa se abrigavam
os contos dos marinheiros desaparecidos
que lá iam sem retorno
e que lá retornavam
sem nunca lá terem ido.

A casa de que falo,
já jorra sangue vermelho
com ranhuras pretas
sem as sombras do silêncio.

A casa do mar,
é o mistério dos livros não escritos,
é o girar das areias,
é o rasgar do céu,
é a penumbra de um sonho...

Foi na casa do mar
que nos tranquei a sós,
onde te conheci
e onde te esquecerei.

segunda-feira, 25 de junho de 2012

Palavras Fugidas


A luz cemiterial
que incide sobre o teu corpo,
perfeitamente inclinado
num abismo cego pela sede
vai-se tornando num cofre
cada vez mais protegido
da nossa erosão.

E guardas,
entre o fôlego dos dedos,
a vontade do ser saber
correr sem parar,
amar a noite no fumo
que nos cobriu sensual
quando o secreto se elevou
e as nuvens se fizeram chover.

terça-feira, 19 de junho de 2012

Finalizarei este poema





Quando o céu ficar sem teto,
as flores ficarem sem pólen,
as àrvores sem madeira
e os pássaros sem penas...


Quando o dia for a noite,
as praias os desertos,
as montanhas se tornarem planas
e do mar restar apenas o sal...


Quando os tapetes ficarem sem chão,
as paredes forem apenas tinta,
as portas trancadas se abrirem num sopro
e as janelas forem ocas...


Quando o sósia do amor for o ódio,
sem a vigilia dos olhos mudos
e estiver apenas a vaguear...


Hei-de encontrar uma linha final
para este poema.

terça-feira, 12 de junho de 2012



Caio sobre mim mesma
num vazio encurralado
de palavras luminosas
com a sombra dos teus pés
que me pisam como se eu fosse
um chão de rosas cruzadas.

Derrubo-me sozinha
ao som da decadência
que te deixei escrita
em papel pergaminho
enquanto me fundia com a noite.

Podes guardar o silêncio
onde quiseres,
até mesmo no bolso roto
que te ofereci em fraqueza
com um Adeus de lábios mudos.

terça-feira, 5 de junho de 2012

Realidade Distorcida


Inventei palavras
e escrevi-as no tecto,
ao contrário,
como se fossem um código
apenas decifrável por cegos.

Fiz a Terra ser quadrada
e sem gravidade,
para que todos flutuássemos
como penas à deriva.

Vi um carro sem rodas,
em estranhos tons de roxo,
que andava na perfeição
com a imperfeição do tempo.

Até consegui apanhar uma laranja
sem casca
que me parecia estranha
mas doce como mel,
mel amargo.

Eis que o despertador tocou
e um silêncio ensurdecedor
invadiu a distância
entre a realidade
e o sonho.

sexta-feira, 1 de junho de 2012

Era Uma Vez II


Era uma vez
uma criança
que brincava sozinha
como um relógio de corda.

Na rua,
de manhã à noite,
fizesse chuva ou Sol,
lá estava a criança
a brincar alegremente.

Esta criança,
tinha tanta alegria
que dava vida aos seus brinquedos
tirando-os da banalidade.

Esta,
era uma criança diferente
pois sabia estar sozinha,
com a alegria dum infantário,
sorrindo para o Sol.

A criança de que falo,
tinha um adulto no coração
e no cérebro,
e sabia como se comportar
sem ser repreendida.

Eu não tenho pena da criança,
por ser mais solitária
que uma flor no deserto;
eu amo esta criança
porque ela ama a solidão.

Era Uma Vez I



Era uma vez
duas cadeiras
que se balouçavam sozinhas
em movimentos bizarros
que nem o Diabo poderia explicar.

Estas duas cadeiras,
aparentemente enfeitiçadas
e cobertas de teias,
até poderiam ser belas
mas não o são.

Estas duas cadeiras,
poderiam ser três
mas por serem tão estranhas,
são apenas duas
e não mais.

Estas duas cadeiras...
...eu poderia sentar-me numa delas
mas receio-as pelos seus movimentos
de carácter surreal
e sombrio.

Estas duas cadeiras
nem têm sombra,
nem cor,
nem alma,
nem são feitas de nada
que se possa descrever.

segunda-feira, 28 de maio de 2012

Boémios

Podemos divertir-nos
até ao pôr do Sol
visto nas margens do silêncio
que fechámos em garrafas
descendo uma rua.

O chão estremece
com o ritmo dos nossos passos,
cruzados,
pesados num copo
com uma dança rodopiada.

Logo à noite,
lembrem-me de nos fotografar
em cigarros divididos,
palavras com fumo,
amigos boémios.

terça-feira, 22 de maio de 2012

Do Avesso


Beber,
podemos beber um cigarro
e fumar um café;
Podemos acender um poema
e ler uma fogueira,
como loucos
que admiram as suas cicatrizes.

Dançam,
as sombras dançam
mais depressa que os próprios corpos
à volta de uma fogueira
e já cheira a fagulhas
e já cheira a cinza
e já se riem os amantes.

Sopra,
sopra-me o vento no cabelo,
o vento que cheira a Lírios
acabados de colher,
acabados de apodrecer,
acabados...

E riem-se de mim,
por escrever ao contrário
porque quero escrever
e porque chamo aos versos
coisas nunca antes ouvidas;
Mas não me importo,
sei que consigo ser lunática
e perder-me por entre letras.

quinta-feira, 17 de maio de 2012

Lua Cheia no Reino Maldito

Caía a noite na aldeia,
à Lua Cheia
uivavam os lobos dela senhores
que farejavam diariamente
os caminhos estranhos
percorridos pelas carroças reais
em fuga dum palácio assombrosamente belo

Queriam envenenar-me,
para que não pudesse aperceber-me
das atrocidades ali desenvolvidas
pelos servos loucos,
sem escrúpulos,
cavernosos,
que também eles sofriam nas mãos do Rei.

Ali,
as princesas tinham olhares
profundamente tristes
e os príncipes,
olhares podres e macabros;

Ali,
jaz a alegria,
a sete palmos daquilo que agora se vê
como silêncio
duma tristeza opaca.

Quis ser livre,
partir sem rumo certo
e lançar-me à incerteza dum novo mundo
pelo que murmurei:
- Nesta noite de Lua Cheia,
virarei costas ao Reino Maldito
e serei o que a poesia ditar.

terça-feira, 8 de maio de 2012




A quebra do silêncio,
contra a luz,
para que se possa ouvir
os passos da inocência
que se desenha de forma linear
ao caír da noite;

As sombras esfarrapadas
de memórias perturbadoras
enchem-me a cabeça
de coisas que ninguém sabe,
coisas ocultas,
inimagináveis,
que a cortina das pálpebras cobriu;

O ruído longínquo
que faz o voar dos corvos
sobre os corpos amontoados
das terras abandonadas,
desnutridas
e podres
por onde passei,
sem deixar rasto;

Entre as paredes ocas
que criei na minha cabeça,
esconde-se o feitiço lançado
sobre o céu,
agora de um Sol negro,
deixando para tráz tudo o que era puro
e que agora é farrapo de mim.

No final da nossa conversa sombria,
desenhei com os dedos,
em sufoco de ti,
a tua psicopatia necrófaga
em nome do silêncio...
...novamente.

domingo, 22 de abril de 2012

Les Voyages de L'âme


Na impossibilidade do encontro carnal dos amantes,
impedindo o toque,
o fechar de olhos num beijo arrepiante,
o abraço apertado...
...poderiamos nós
livrar-nos da prisão da carne,
nesta e talvez noutras noites,
fundindo as nossas almas?

Queria-te desnudo de silêncio,
que usasses as palavras
além do olhar,
que esquecessemos o mundo lá fora,
e juntos alcançariamos as estrelas
que nos observam,
formando constelações em nosso nome...

Podemos dançar com a luz?
e falar da nossa própria existência?
mas eu prefiro,
nas viagens da minha alma,
sussurrar-te de longe
que te quero e quererei.

terça-feira, 17 de abril de 2012

Presença

Sobre o sono me deito,
ouço a chuva bater na janela
com a delicadeza própria d'um temporal,
temporário,
não premeditado
que me acolhe o peso das pálpebras
já querendo adormecer

Sopra-me um vento na face,
parece ser a tua respiração,
tacteio o vazio,
não estás;
Ouço sussurrar o meu nome,
num tom de relâmpago,
parece ser a tua voz,
procuro o som,
mas não te vejo...

Apenas sei que estás,
detecto a tua presença
pelo perfume que me deixaste
para recordar
numa noite fria e nublada da tua ausência.

quarta-feira, 11 de abril de 2012

À Noite

À noite no bar,
as mulheres são olhadas
e consumidas pelo desejo,
enquanto o gelo do licor
se vai derretendo para um gole,
prevendo o pedido de mais um copo
na voz delicada
do pecado masculino;

Os homens,
tentam fumar com delicadeza,
observam e apreciam belezas,
riem e brindam
até os seus pés quase se arrastarem
no caminho para o balcão

Cruzam-se os caminhos,
dos homens e das mulheres,
fazem-se queimar os olhares
na ardente vontade que os atinge
e que travado pelo receio do toque,
faz surgir um sorriso atrapalhado.

segunda-feira, 2 de abril de 2012

História Fantasmagórica

Desconhecido,
conhecido,
amigo,
a sombra que me assombra
dia após dia
mas que clareia o meu pequeno mundo.

Duvidei dos meus olhos,
quando vi que apareceu
diante de mim,
como se o conhecesse há séculos,
sem fazer muitas perguntas à ilusão da realidade...

Sonhei com o seu rosto,
sem razão aparente,
da mesma forma que cantei as suas palavras,
alegre e docemente,
como que se minhas fossem
feitas de alma e coração poeta;

Abracei o seu holograma,
que se foi tornando real
no amanhecer da noite,
por entre conversas e beijos
que reconheci sem saber,
sem querer...;

Peguei fogo à sombra,
encostei a minha cabeça à sua
e disse que o conhecia de algum outro lugar,
que não sabia bem qual...

Poderia apontar
diversas angústias,
pensamentos encon-desencontrados,
desejos desconhecidos,
e sentimentos mútuos
mas nada seria suficiente
para relatar ou escrever
esta história fantasmagórica...!

domingo, 18 de março de 2012

Sede

Não vale mesmo a pena
chorar
sobre o leite
derramado...
"...isto não tem nada a ver com leite ,
mas com sangue!
Tudo o que eles
querem
é o seu sangue
invertido
para dentro
dos seus próprios
corpos."
Ah!!!!
como eu sei
que todo aquele sangue
não chegaria
para me matar
a sede !
"e todo esse sangue
não chegaria para me afogar!"
sangue,
sangue
...sede de morte!...
"Os meus lábios
tocaram
os teus
e!...
...estavam...
...gélidos..."


Ala Crime (Pedro) & Poisoned Dream (Daniela Sophia)

sexta-feira, 16 de março de 2012

Que Seja Eterna

Henrique,

Hoje é o dia
o dia em que te escrevo e descrevo
enquanto sorrio para a Lua;
Amanhã,
caminharei em direcção às tuas palavras
utilizando a bússola da tua mente...

Vivemos, vivemos, viveremos
de mãos dadas com as desilusões,
disseste tu!
mas eu sei que aprendemos com isso,
que nos ensinámos e ensinaremos,
um ao outro,
a não cair facilmente
e a erguermos-nos novamente
como se nada tivesse acontecido.

Meu caro amigo,
aqui te digo e resumo
que jamais seria quem sou
se vivesse a tua ausência;

Aqui te digo
que a chuva já não me molha
e o Sol já não me seca
da mesma maneira;

Aqui te obrigo a brindar
à luz das desavenças passadas,
ao companheirismo,
à harmonia,
e que a nossa amizade nunca morra
poluída,
seca,
abandonada...
que seja eterna!

sábado, 10 de março de 2012

Diz-me

De onde vens?
Para onde vais?
Diz-me!

Diz-me que chão pisas tu,
que mundo é o teu,
em que carroça fazes a viagem
e que bagagem levas;

Diz-me vais e não voltas,
que ficas para sempre
e mais além
distante dos olhos do meu coração!;

Diz-me qual é a tua matemática,
que dialecto falas,
porque é que planeias o gesto
e em que ritmo cantas tu!

Se puderes,
diz-me tudo o que tens a dizer!
Diz que não sou eu quem contemplas c o n s t a n t e m e n t e
e que não são os meus passos que te incomodam a paixão!...

terça-feira, 6 de março de 2012

Aresta Floresta Funesta Opus II

‎...e lamuria-se a terra humedecida

pela chuva de passos trocados pelo tempo...!

"quase como arrastados

pela terra em enxurradas...

devastadoras..."

arrastados sem causa,

ao acaso...

numa razão

desconhecida!

"como uma lágrima indefinida,

derramada."

...sobre perda pelo gosto de amar...

"um casco de barco

abrindo feridas na àgua...

o que fica para trás é

ondulação!"

levo

comigo

o coração

massacrado

em

Seu

nome

"em farrapos

encrustados

arames

farpados!!!!"



Ala Crime (Pedro) & Poisoned Dream (Daniela Sophia)

segunda-feira, 5 de março de 2012

Brevemente Ofegante

Penso, repenso
e será que há um senso?
Acende, apaga,
a chama do fumo que me esmaga
e que queima a água fria que me afoga!

Passo a passo,
num espaço infinito eu passo
mas nunca chega o achego do beijo
da boca perfeita que pretendo beijar.

E assim me reencontro ao acaso
num caso casual
em nome da dúvida duvidosa
do olhar desviado da timidez.

sexta-feira, 2 de março de 2012

Uma Entidade

Eu sei,
todas as terras que arduamente lavrei e percorri em vosso nome,
todas as perguntas inoportunas que vos fiz,
quando quebrei o sagrado silêncio;
Não sei,
qual o sentido da vossa vontade divina
e porque voais lânguidamente sobre o assombro da sombra...
Porquê?
Quem sois vós?
Que fazeis aqui?
Que quereis vós dizer com esse silêncio?...
Mas perdoai a arrogância dos meus compassados passos...

segunda-feira, 27 de fevereiro de 2012

Queda no Esquecimento

Chora, soluça
e eu limpo-lhe as lágrimas...
Grita, sufoca
e eu dou-lhe a mão,
sendo o seu calmante humano
no abraço e nas palavras...
Está ali,
vai-se embora,
volta, e volta a ir!;
já não precisa de mim -
como que uma intoxicação
que já destinada à morte,
mas a da alma.
Fica o vazio,
sensação de inexistência;
será só hoje?
só amanhã?
ou até se avivar o mecanismo de memória?
Sei que não precisa de mim,
nem eu preciso daquilo,
mas era no entanto reconfortante
a história ali esboçada
quando abdiquei do (talvez) principal...
Um dia, poderei desaparecer!
substancial e lentamente;
e não obstante,
observarei à distância...

domingo, 19 de fevereiro de 2012

Cí(r)c(u)los

Decerto que a certeza é incerta
e gira em torno do toque
que toca a alma,
tocada pelo espírito das mãos
gélidas, pálidas e suaves
do fantasma sentimental;
Uma utopia,
farta de ser sonhada e re-sonhada,
caminha insone e em círculos
sem deixar rasto do arrasto,
sendo discreta indiscretamente;
E com o pensamento desgastado,
surge o progresso do regresso
da imanente vontade
de agir contra o medo...

quinta-feira, 16 de fevereiro de 2012

Diferente Quarta Quinze

As minhas lágrimas sim,
choraram de alegria;
alegria de estar aí,
conhecer um novo mundo,
novas ideias;
maquinar isto e aquilo
para tentar ser melhor,
mais eu,
ter mais atitude,
ser menos o mundo idealizado!...
Cada passo,
palavra,
sorriso;
Cada momento,
fotografia à máquina,
cigarro;
Momentos únicos,
de união aqui e ali,
à distancia
e nos metros da proximidade,
sei que estás presente na ideia formulada
de uma vida inacabada,
recomeçada,
diferente,
indiferente a tanta gente!;
Palavras? Não, o abraço!
que guardo,
sinto e imagino
num mundo tão grande
mas tão pequenino.

terça-feira, 14 de fevereiro de 2012

Our Darkness

Poisoned Dream:
Death,
darkness and storms,
spiked flowers,
ghosts;
things I was never afraid of
and now I am...
...feeling empty,
insane,
needing morphine;
take this pain,
that illusion;
bring me those pictures
and burn these fears!
Follow the right path,
pull the trigger,
blow me away...

Ellie A.:
"I feel it open,
the step into the fall;
I give it all,
in words spoken;
I'm shocking,
the air is cold, it cuts my throat
made of oath...
Never give in,
cryin' in, bellow the skin
there's still him - the pig,
the smell;
I write to be free
from this storm,
from the darkness,
from death that I feel in my veins! (...)"

terça-feira, 7 de fevereiro de 2012

Traição ao Tempo

Os segundos voam rapidamente, sem serem vistos;
os minutos andam disfarçados;
as horas passam, sendo enganosas;
os dias são viajantes da vida, uns em cima dos outros;
os relógios são acessórios que criam euforia;
e o tempo está cansado de ser traído...

domingo, 5 de fevereiro de 2012

Souvenirs d'un Autre Monde

Aquele mundo
que para mim já não existe;
aquele de que fazias parte,
com toda a delicadeza da luz,
do sonho,
da ternura...

As memórias que tenho,
parecem tão irreais
como se nem minhas fossem;
é como se eu tivesse
morrido
e
ressuscitado
noutro mundo,
que não aquele em que te conheci.

Agora,
passo despercebida
pelas memórias de um outro mundo
irreal e desconhecido...

...Sont les souvenirs d'un autre Monde...

domingo, 29 de janeiro de 2012

Veneno Natural

Percorro, com os dedos,
o corpo da imaginação
outrora tocado pelas nuvens de fumo
provenientes da queima das artérias
onde passou o veneno do amor.

Ainda sinto por perto
o perfume da grandiosa natureza
que com ternura observei
com os olhos do vento,
toquei com as mãos da chuva,
e onde enterrei as memórias
de uma realidade morta...

Gelo da Ausência

Na cadeira do pensamento,
desenvolvo o leve gesto
que planeio minuciosamente
afastando a dúvida,
deixando as palavras brigarem com a vontade
e observo os gélidos olhares,
lançados ao ódio,
imaginando a possibilidade
da mágoa sentida.

Mas não,
desta vez a inocência não está presente
e escapam os sentimentos ocultados,
em mim,
para a percepção do sangue das flores espinhosas
que queria que colhesses.

segunda-feira, 23 de janeiro de 2012

Hesitação...
Um passo em frente
e hesito novamente...
Porque é que as palavras não saem,
ficando presas no pensamento apenas?
Olho para o relógio,
ajeito o cabelo,
mais um passo...
- Desculpe, posso invadir o seu tempo?

sábado, 21 de janeiro de 2012

...

Guardo, recordo,
procurando além do silêncio...
...os gritos confusos que penso ter ouvido
enquanto via os ponteiros do relógio ameaçarem o meu tempo
que pensei ter na ilusão que criei
pela não pronunciação de mais palavras
provavelmente ditas por ti,
imaginadas por mim,
na miragem enevoada que pintei
por uma vontade de incerteza.

quarta-feira, 11 de janeiro de 2012

...paixão

Qualquer acto descuidado poderia revelar o segredo do sentimento mais empolgante alguma vez visto. Qualquer conjunto de palavras ou um simples olhar denunciaria uma paixão.
E batalham os apaixonados com o escopo da conquista, num mix de emoções e gestos carinhosos desenhados pela mente em conjunto com o corpo.
Não, não vale a pena perguntar qual é a sensação de estar apaixonado. É algo indescritível por palavras, que apenas se consegue sentir e demonstrar! Algo tão belo e arrepiante, que nem qualquer divindade conseguiria explicar.

Sentir,
Sentir,
Sentir...

Demora, vai e vem como que se de um boomerangue se tratasse. Mas é sempre diferente. Sempre brilhante, pelo que nem sempre feliz.
Alimenta a imaginação de qualquer um e fá-los voar em torno de uma alucinação denominada paixão, que vai ardendo...ardendo...até em cinzas se transformar.

domingo, 8 de janeiro de 2012

Abismo

Ambição, conquista, fadiga, amor
Morte, a tal da qual se foge
O abismo do ego
Totalmente preso no olhar
E na expressão das veias salientes

Entretanto, fito o horizonte...
Murmurando confesso
Ser um pesadelo da mente
Incapacitada de te decifrar,
Lamento estas linhas
E tudo o que fiz para te encontrar
Nunca querendo ir além do abismo

Canto, encanto, desencanto
Intrigas do pôr do Sol
Onde adormeci e espero sonhar...

sábado, 7 de janeiro de 2012

The Blame.

Blame Heaven,
Blame Hell.
Blame whatever you want to
But not me,
Not today.

Bloody spiked visions
Running through my head
I remember all
I forgot nothing,
I want you dead
And this fire to spread.

By the name of dark
Tulips,
Roses,
Orchids,
And Margarits
I'd rather see my soul dead
Because I'm loving you and demons
Instead...