terça-feira, 28 de agosto de 2012

Do (des)conhecimento



Numa pequena lâmpada apagada
escondem-se fios de desconhecimento
sobre acender a luz
e ver o apenas palpável
com os olhos da curiosidade

Mil e cem livros desconhecidos
sem mil olhares que os leiam
e as suas páginas de pormenores
a desconhecer pelo cego,
o louco da sabedoria

Somos uma migalha de pão
e pouco sabemos
sobre as ínfimas coisas
que nos fogem sem querer.

segunda-feira, 27 de agosto de 2012

Mar



Atirá-mos ao mar
as pérolas do silêncio
que tanto tempo guardámos
em caixas de areia
sobre o luar na praia

Sem pintar,
sem pincel,
surgiam telas de azul
c o r - d e - m a r
cobrindo um barco naufragado
num quadro de horror,
pânico enclausurado,
pendurado no nada

Não há imagens,
Deuses e Sóis,
páginas e penas,
nem mesmo vidros,
que nos queimem
a agonia e as memórias
junto de um azul ondulado.

segunda-feira, 20 de agosto de 2012




Há Luas que se despem
dos seus mantos negros,
de fumo nocturno,
para iluminar cabeças baixas
que por aí vagueiam.

(Hoje
estarei presente)

E há estrelas viajantes
sem qualquer rumo radiante,
ou certo de queda,
quando o vento se esconde
nas pedras da calçada.

(Depois de amanhã
estarei ausente)

Ainda há cinzas meteóricas
sepultadas em diversas estátuas
à espera que a chuva as arraste,
ágil e deprimente,
de volta ao seu berço.

(Amanhã
é uma incógnita)

quarta-feira, 8 de agosto de 2012

Morada


Guardei a morada
de um desconhecido
entre várias folhas escritas
quando a solidão
me mordeu a presença.

Há nomes
que são murmurados
na planície das montanhas,
espreitando entre folhagens
que estão verdes de receio.

E os caminhantes da escuridão
sabem onde moro,
porque eu moro na transparência
de um lago com nenúfares
no recanto d'uma floresta.

As bússolas apontam Norte,
eu conheço Sul,
moro para Oeste
e dirijo-me para Este
de um sonho adormecido.

domingo, 5 de agosto de 2012

Olhos de Cristal




Doce,
doce como uma brisa
de Verão
que paira pelos rios,
e que se sente
aquando do abraço.

Os seus olhos
eram de cristal puro,
verde de vida macia
e com o pestanejar
mais bonito
que um raio de Sol no rio.

O caminhar
das suas pantufas suaves
pousaram o oculto
roubando com atrocidade
o brilho
de qualquer existência...

Paz,
que esteja em paz,
que descanse
na maré do sossego
e quando uma lágrima caír
eu me silenciarei.