domingo, 22 de abril de 2012

Les Voyages de L'âme


Na impossibilidade do encontro carnal dos amantes,
impedindo o toque,
o fechar de olhos num beijo arrepiante,
o abraço apertado...
...poderiamos nós
livrar-nos da prisão da carne,
nesta e talvez noutras noites,
fundindo as nossas almas?

Queria-te desnudo de silêncio,
que usasses as palavras
além do olhar,
que esquecessemos o mundo lá fora,
e juntos alcançariamos as estrelas
que nos observam,
formando constelações em nosso nome...

Podemos dançar com a luz?
e falar da nossa própria existência?
mas eu prefiro,
nas viagens da minha alma,
sussurrar-te de longe
que te quero e quererei.

terça-feira, 17 de abril de 2012

Presença

Sobre o sono me deito,
ouço a chuva bater na janela
com a delicadeza própria d'um temporal,
temporário,
não premeditado
que me acolhe o peso das pálpebras
já querendo adormecer

Sopra-me um vento na face,
parece ser a tua respiração,
tacteio o vazio,
não estás;
Ouço sussurrar o meu nome,
num tom de relâmpago,
parece ser a tua voz,
procuro o som,
mas não te vejo...

Apenas sei que estás,
detecto a tua presença
pelo perfume que me deixaste
para recordar
numa noite fria e nublada da tua ausência.

quarta-feira, 11 de abril de 2012

À Noite

À noite no bar,
as mulheres são olhadas
e consumidas pelo desejo,
enquanto o gelo do licor
se vai derretendo para um gole,
prevendo o pedido de mais um copo
na voz delicada
do pecado masculino;

Os homens,
tentam fumar com delicadeza,
observam e apreciam belezas,
riem e brindam
até os seus pés quase se arrastarem
no caminho para o balcão

Cruzam-se os caminhos,
dos homens e das mulheres,
fazem-se queimar os olhares
na ardente vontade que os atinge
e que travado pelo receio do toque,
faz surgir um sorriso atrapalhado.

segunda-feira, 2 de abril de 2012

História Fantasmagórica

Desconhecido,
conhecido,
amigo,
a sombra que me assombra
dia após dia
mas que clareia o meu pequeno mundo.

Duvidei dos meus olhos,
quando vi que apareceu
diante de mim,
como se o conhecesse há séculos,
sem fazer muitas perguntas à ilusão da realidade...

Sonhei com o seu rosto,
sem razão aparente,
da mesma forma que cantei as suas palavras,
alegre e docemente,
como que se minhas fossem
feitas de alma e coração poeta;

Abracei o seu holograma,
que se foi tornando real
no amanhecer da noite,
por entre conversas e beijos
que reconheci sem saber,
sem querer...;

Peguei fogo à sombra,
encostei a minha cabeça à sua
e disse que o conhecia de algum outro lugar,
que não sabia bem qual...

Poderia apontar
diversas angústias,
pensamentos encon-desencontrados,
desejos desconhecidos,
e sentimentos mútuos
mas nada seria suficiente
para relatar ou escrever
esta história fantasmagórica...!