quarta-feira, 8 de maio de 2013

Sem título de escrita



Falo com a Lua,
ela nada me conta e eu tudo lhe confesso.
As noites são solitárias
mas ainda ouço o teu pensamento.

Sei,
quantos ninhos as aves da Primavera construíram
quantas casas desabaram quando fechei os olhos
e quantas ondas o mar gritou
por cada barco que naufragou.

Sei das mãos que se fecharam contra uma parede
quando recônditos segredos voaram no eco
e por que o vinho foi derramado dos copos
antes de engolir os vidros do amor.

Não sei,
quantas flores morreram antes de o Sol sorrir,
quantos anéis ficaram sem abrigo
ou quantas cartas não tinham destinatário
quando o tempo perdeu o relógio.

Desconheço os fragmentos do céu
e as cores do desejo:
ainda moro no quadro que queimaste
antes de ser obra de um pincel.

3 comentários: