quarta-feira, 13 de março de 2013

Definitivamente




Na improbabilidade de nos reduzirmos a silêncios
e nos desfazermos em cinzas cristalizadas,
garanto o poder da palavra amor
escrito na linha de um comboio que nunca partiu
mas que por aqui já passou.

Possuo todas as mágoas das janelas cortantes
perto das ruas por onde passaste quando partiste
(ainda leio a tua carta de despedida,
selada a gritos de desespero)
e bebo as lágrimas de um corvo
porque o vinho já não é suficiente.

Ainda tenho uma fatia de nada
algures na nossa mesa de cabeceira,
enrolada em memórias que irão desaparecer:
guarda o crisântemo que te ofereci
e não voltes a escrever-me em breve.

2 comentários:

  1. "e bebo as lágrimas de um corvo
    porque o vinho já não é suficiente.

    Ainda tenho uma fatia de nada"... lindo.

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