domingo, 31 de março de 2013

Madrugada



Ouço a chuva cair...
ela bate-me na janela
como pequenos fragmentos do que sou,
irrelevante perante os venenos que bebi,
acesa em todos os meus pensamentos

A Primavera dos sentimentos
é apenas um mito para esquecer
em todos os céus que me caíram aos pés
enquanto me esquecia para beber
e o tempo passava
como silêncios destemidos

Todas as cadeiras onde me sentei
e os sofás onde adormeci,
carregam sonhos escondidos
em que nunca dormi,
para além dos sonhos que nunca sonhei

Na verdade,
todas as canetas falam,
escrevem
e ardem inexplicavelmente
como brisas de ar puro
que invadem os cigarros...

A realidade é um ponto dimensional
no qual pensamos nos encaixarmos
sem nada entendermos:
tudo é surreal,
incluindo o facto de estarmos vivos

E não,
não sustenho a respiração envenenada
em cada livro que não leio:
folheio as páginas da vida,
enroladas em sobriedade,
de forma a morrer novamente.

2 comentários:

  1. Daniela, nada como pegar na caneta e inspirar o coração no papel. Os melhores poemas nascem do coração, e é no coração que se encontra a verdadeira poesia.

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    1. Toda a arte vem do coração...e da criatividade! E o que seria da arte sem o sentimento?

      Obrigada , Luna *

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